O
admirável educador e escritor Mário Sérgio Cortella narra que três itens são
importantes para o comportamento saudável do cidadão: querer, poder e dever.
Isto porque nem tudo que queremos realizar podemos, assim como nem tudo que
podemos fazer devemos e nem tudo quanto devemos produzir queremos... Num
período de individualismo acentuado, no qual a predominância do ego tem
prioridade, empurrando para o consumismo, as criaturas humanas não se dão conta
que a decantada felicidade e realizações que aspiram podem ser de fácil
conquista. Sem que sejam examinadas as possibilidades do querer em relação ao
poder e ao dever, bem como de referência ao seu próximo, muitos projetos
terminam por ser mais prejudiciais do que compensadores.
Necessário
ter em mente a empatia, considerando a situação em que se encontra o outro, não
lhe exigindo aquilo que não gostaremos que nos imponham. A capacidade de
entender o nível de consciência das demais criaturas proporciona uma visão mais
complexa para o comportamento saudável. Habituamo-nos a não cumprir com
pequenos deveres que consideramos irrelevantes e terminamos por não considerar
aqueles de alta responsabilidade como credores do nosso respeito e atenção,
somente porque extrapolam o nosso egotismo. Como consequência, vemos as aberrações
de todos os níveis tomarem conta da sociedade moderna, a ausência de lucidez de
consciência predominar, mantendo o indivíduo engessado nos seus exclusivos
interesses, não logrando alcançar a plenitude que independe do que se tem, mas
sobretudo daquilo que se realiza interiormente.
Mulheres
e homens vazios de ideais assumem o poder que não têm condições de exercer,
somente porque querem destaque e atendimento das torpes ambições. Hoje, talvez
mais do que nunca, torna-se indispensável que o nosso querer não exorbite as
nossas possibilidades de poder manter os deveres éticos e morais em alto nível
para a construção de um mundo melhor.
Artigo
de Divaldo Franco, publicado no jornal A tarde - 30/07/2015.