- MEU AMIGO OBSESSOR --
(Tempo de leitura: 2 minutos e 10 segundos)
Logo que adentramos nos domínios do espiritismo, rapidamente
nos deparamos com a temida figura do obsessor. Aprendemos, o quanto antes, que
estes são irmãos que atuam sobre nosso psiquismo, à revelia de nossa vontade,
mediante convites feitos por nós mesmos. Somos os anfitriões da festa em que
eles tocam suas músicas. Mesmo diante da colocação de que somos sempre
co-responsáveis por nossa sintonia, seguimos temendo-o, fugindo, evitando e
encaminhando esse irmão para a luz o mais rápido possível.
Conforme vamos avançando nas literaturas da doutrina,
histórias luminares apresentam, exemplo após exemplo, imagens tão próximas e
humanas desses irmãos que, aos poucos, vamos sentindo nosso coração reconhecer
neles o amigo magoado de outrora. Aquele de quem sentimos uma desconhecida
saudade, a perda que nunca superamos, mesmo diante de séculos de
distanciamento.
Uma insuspeita ternura invade o coração, e aquele temor
antigo não se faz mais presente quando nos damos conta de suas presenças. A
vontade impaciente de encaminhá-los para tratamento espiritual parece respirar
mais devagar. É aí que flores luminosas começam a desabrochar em nossos
corações. Florescem em pétalas de compreensão e de um olhar compassivo diante
de resmungos, ameaças, xingamentos, choros convulsivos ou, mesmo, um rosnar
inesperado.
Enquanto encarnados, perdemos a noção do obsessor que existe
em nós. Em grandes porções ou em partes ínfimas, essa manifestação certamente
repousa nos cantos escuros de nossa consciência.
Na caminhada da individuação do princípio inteligente, precisamos todos passar pelos inevitáveis arcabouços do egoísmo. Egoísmo este que não nasce do mal em si, mas das necessidades instintivas que guardamos dos nossos estágios evolutivos anteriores. De maneira natural e necessária, precisamos conservar parte da porção animal ainda presente em nosso ser. Nos despojando aos poucos dos instintos, vamos galgando o sonho de, quem sabe um dia, sermos realmente humanos.
Na caminhada da individuação do princípio inteligente, precisamos todos passar pelos inevitáveis arcabouços do egoísmo. Egoísmo este que não nasce do mal em si, mas das necessidades instintivas que guardamos dos nossos estágios evolutivos anteriores. De maneira natural e necessária, precisamos conservar parte da porção animal ainda presente em nosso ser. Nos despojando aos poucos dos instintos, vamos galgando o sonho de, quem sabe um dia, sermos realmente humanos.
Todos já passamos por essas trilhas. Quase todos ainda
seguem por elas. Somos feitos dessa mesma substância: viver, experienciar,
errar, aprender, ensinar.
Que o Senhor Deus, por meio da prática bendita da
mediunidade, siga nos oportunizando esse aprendizado no contato com lindas
histórias de perdão, de cura, de redenção. Que diante de nossos amigos
obsessores, sejamos o colo que acolhe, o olhar que respeita, a palavra que
acalma, a oração que eleva, a presença que aceita e sabe esperar.
Sejamos a fé que reside na absoluta certeza de que existe
uma Ordem e uma Sabedoria maior, que a tudo rege e cuida com infinita
misericórdia. Segundo Ela, todos iremos florescer, cada um a seu tempo, unidos
e entrelaçados pelas teias da irmandade. Movidos pelos nossos corações –
magnetos invariavelmente atraídos pela luz – haveremos de ser espelhos
incontestes de nosso Pai.
Meu irmão, meu velho amigo obsessor: que eu saiba te esperar
com paciência, amor e companheirismo – os mesmos sentimentos que tantos outros
irmãos nutriram enquanto esperavam por mim um dia, ou ainda esperam até hoje...
Assim seja!
(Daniela Migliari -)
Com a prática perigosa e contraproducente da apometria, tão em voga.
ResponderExcluirO seu artigo é muito pertinente e sensato, Daniela.
Tentar extirpar um parasita de forma violenta e abrupta é provocar a morte física do hospedeiro.
Simbiose espiritual...
"O Ser, ao iniciar a fase humana, se necessita evoluir do ponto de vista moral e morfológico no plano físico, também no plano espiritual é obrigado a desenvolver recursos de adaptação e sustentação." (Rino Curti)
"O hospedeiro tem que dar testemunho com o próprio exemplo, nas práticas do amor, em benefício do semelhante. Passando a reformular os próprios pensamentos nas trilhas do bem comum, a corrigir sentimentos inferiores, desenvolvendo sabedoria e virtude[...]" (Rino Curti)
Vigilância, Prece e Evangelho.
Belíssimo e amoroso o seu texto!
Namastê!
Rodrigo, que bom te encontrar por aqui também. Replico minha resposta na nossa conversa, que foi super produtiva para mim. Pode ser útil por aqui também:
ExcluirSomos anfitriões dessa dança mesmo... somente para nos curar. Tem uma frase que amo de um dos livros de André Luiz que explica a dinâmica dos emaranhamentos emocionais, familiares ou obsessivos vindos de outras existências:
"O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou:
– Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir."
Somos anfitriões dessa dança mesmo... somente para nos curar. Tem uma frase que amo de um dos livros de André Luiz que explica a dinâmica dos emaranhamentos emocionais, familiares ou obsessivos vindos de outras existências:
"O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou:
– Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir."
Abraços, Daniela. <3