Consultor do programa "Encontro com Fátima Bernardes" (TV Globo), o psicólogo e palestrante observa, nesta entrevista ao Verso, que é preciso reintegrar a noção de limites na criação dos filhos
Quem olha para o paraibano Rossandro Klinjey, 47 anos, como consultor do programa Encontro com Fátima Bernardes (TV Globo), mal vê o percurso que fez o psicólogo se tornar uma referência na ciência do comportamento. Após 18 anos de atendimentos na clínica, mestrado na área e a experiência de lecionar para estudantes de Psicologia, Klinjey tem popularizado sua fala junto à audiência televisiva e ao público interessado em desvendar dilemas comportamentais por meio de vídeos no You Tube.
Na última quarta (16), Rossandro esteve em Fortaleza e conduziu a palestra "Limites na educação: uma prova de amor" no Teatro RioMar. Há dois anos, o psicólogo passou a encarar uma turnê de palestras. Hoje, ele participa de uma média mensal de 22 eventos, e passa os outros seis dias do mês em Campina Grande (PB), sua terra natal, onde reside.
O psicólogo observa que hoje procura refletir sobre a educação de filhos diante de um meio-termo. Ele percebe que tanto o excesso de críticas, quanto, no outro extremo, uma grande quantidade de elogios, não funcionam para formar adultos mais equilibrados.
"Os pais são humanos e fazem o que podem, aquilo que eles receberam. Mas à medida que você tem um adulto que se destrói absolutamente num luto, que não consegue se recompor após a perda de um emprego, por exemplo, tem de base aí uma disfuncionalidade na educação", analisa o psicólogo.
Ao ver essa "disfuncionalidade" como algo comum dentre os pacientes que o procuravam na clínica, Rossandro Klinjey se movimentou para divulgar orientações que contornem a situação: "o que falo é baseado em pesquisas do comportamento humano. Não é a minha concepção sobre educação de filhos, é a das ciências psicológicas".
"As pessoas não nascem com transtornos emocionais. Elas podem ter algum aspecto congênito, como o espectro autista. Mas a criança não nasce com depressão, histeria, ansiedade. Isso é fruto da educação, por mais que não se trate de 'culpar' os pais por isso", complementa o terapeuta."
Elogios
Rossandro Klinjey identifica na linha do tempo quando o excesso de elogios passou a ser adotado como estratégia de educação dos filhos. Dos anos de 1960 pra cá, a abordagem foi abraçada pelos pais que, quando foram criados, tiveram de lidar com falas depreciativas. "Você não sabe de nada", "seu idiota, cale a boca", "quem você pensa que é?".
Quem escutou algo desse naipe em casa, reforça o psicólogo, encontrou no elogio uma saída para não traumatizar a geração posterior. "Só que isso mostrou que não funciona. Se quando seu filho tira uma nota boa, você elogia e diz que ele é inteligente, você cria um problema. Porque quando ele tirar uma nota ruim, o que ele vai achar? Que é burro. Mas os pais podem dizer que o filho tirou uma nota boa porque se esforçou. Daí quando ele tirar uma nota ruim, aquilo não vai afetar o ego dele. E ele (o filho) verá que poderia ter feito diferente", observa Rossandro.
Celular
Sobre como o uso exagerado do celular tem preocupado os pais, Rossandro reforça que os adultos precisam olhar, primeiro, para os próprios hábitos nesse sentido, antes de orientar os filhos. "Eu não posso pedir a um filho aquilo que não estou fazendo. Entendo que o celular é algo muito novo na nossa história social, os smartphones têm 11 anos. Só que a gente está fugindo para o virtual e ignorando o real. Isso está afetando casamentos, e a educação dos filhos também".
O terapeuta acrescenta que não se trata de os pais "demonizarem" o celular e vetarem o uso 100%. E sim de criarem situações em que o grupo familiar possa interagir sem o uso da tecnologia. Fazer refeições juntos ou aproveitar o deslocamento de casa até a escola para conversar olho no olho são saídas possíveis.
"Na raça humana é assim: a gente começa se lambuzando com a novidade, e depois vem o preço. O Instagram tirou o botão de curtidas, porque isso gerava sofrimento psicológico a partir das comparações sociais. Os pais precisam decidir ter contato e limitar o tempo de uso dos filhos no celular", sugere.
Superproteção
É possível, então, distinguir uma atitude de "superproteção" da acolhida necessária para a criação dos filhos? O terapeuta retoma a noção de equilíbrio. Segundo Rossandro, os pais devem proteger, amar, cuidar, sem deixar de "empoderar" as crianças gradualmente.
"Pego voo o tempo inteiro, então observo o comportamento das crianças em aviões. Há meninos de 4, 5 anos que podem puxar sua própria malinha, com os pais do lado. Então deixá-lo puxar a mala não é abandoná-lo, é perceber que ele pode participar dessa viagem".
Segundo o terapeuta, prestando atenção com cada pequena situação dessas, os pais preparam os filhos para terem autonomia e viverem sem a proteção um dia. "Tenho de pensar em como o cuidado que dou hoje não vai estragar a autonomia de amanhã. Um dia a gente morre, e o nosso filho vai ter de lidar com isso. É a realidade da vida".
Só não consigo entender como Rossandro consegue fazer seu trabalho numa emissora que denigre a família,apoia o aborto e as drogas e faz apologia a ideologia de gênero. Não assito mais essa que se diz emissora, mas pra mim foi decepcionante ver um espírita participando desse programa da emissora que vai contra os princípios cristãos da doutrina.
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