segunda-feira, 27 de abril de 2015

DIVALDO FRANCO - PROPÓSITO DE DEUS NAS MORTES COLETIVAS



Periodicamente a humanidade é surpreendida com acontecimentos que causam a morte de muitas pessoas, algumas decorrem de eventos da natureza como tsunamis, terremotos ou desabamento de terra, outras já decorrem da ação do homem, como o acidente de avião.
Qual o propósito da divindade nessas mortes coletivas?

Divaldo Franco: O egrégio codificador da Doutrina Espírita Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na sua terceira parte, a Lei de destruição, faz uma análise dessas tragédias coletivas e interroga aos benfeitores da humanidade o que pretende a divindade com essas desencarnações coletivas. E, para surpresa de Allan Kardec e nossa, os benfeitores disseram que era para fazer a sociedade progredir. O comentário é vasto, e nessa mesma questão, o codificador pergunta se não teria a divindade outros recursos para promover o progresso dessas pessoas. Os espíritos informaram que sim, e isso acontece através de fenômenos naturais, como epidemias, insucessos de vária ordem, fenômenos sísmicos e outros. Então, Allan Kardec volve à questão, indagando que, se num caso desses, muitos inocentes não seriam vítimas dos infelizes acontecimentos. Os benfeitores espirituais assinalam que não, porque dentro do código das soberanas leis, somente nos acontece aquilo de que temos necessidade para evoluir. A Lei de causa e efeito estabelece os parâmetros não somente dos resgates coletivos, como também das técnicas que induzem os indivíduos a esses resgates calamitosos.

Observamos, por exemplo, que nos acidentes aéreos, pessoas chegam num momento e resolvem mudar a viagem, desenvolvendo um esforço tremendo, enquanto outros lutam para poder ser incluídos naquele voo e, como resultado, padecem essas consequências que estão dentro da sua programação evolutiva.

É sempre providencial, portanto, que se mantenha a confiança em Deus, quando acontece algo lamentável e doloroso, especialmente os familiares, que ficam embrulhados nos mantos sombrios da saudade, e talvez também para alguns desencarnados, porque, surpreendidos de maneira inesperada, experimentam grande choque ao despertar no além, considerando que todas essas ocorrências estão dentro dos códigos da Soberana Justiça.

Foto: Navesh Chitrakar/Reuters

Texto extraído do livro Divaldo Franco Responde – Vol. 1.
À venda nas melhores livrarias.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

SEXO E CONSCIÊNCIA - DIVALDO FRANCO




Entre os dias 17 e 19 próximos passados, participamos do VII Encontro de Saúde à Luz do Espiritismo, na cidade de Salou (província de Tottagona), na Espanha. Os temas de que fui encarregado referiam-se ao “Sexo e consciência”, título de uma obra nossa, organizada pelo confrade Luiz Fernando, de S. Paulo. Foram quatro participações de 1h30min cada, analisando a função sexual saudável dos pontos de vista histórico, sociológico, psicológico e espiritual.

Num momento quando o ser humano se encontra com tormentos de vária espécie, derivados da má utilização da função genésica e dos medos ancestrais que deram lugar a mitos e desinformações, merece seja examinada a nobreza da ação sexual responsável pela perpetuação das espécies vegetais, animais e humanas.

A ignorância medieval e os tormentos não revelados de muitos teólogos assinalaram que se tratava de uma função pecaminosa, suja e reprochável, como se Deus houvesse elegido um meio insano para a reprodução da vida na face da Terra. Do ponto de vista biológico, trata-se de uma nobre organização para manter a vida em padrões de equilíbrio e de prazer, proporcionando, quando o seu uso é ético e moral, alegria e completude nos relacionamentos. A distorção da sua prática, que somente objetiva o prazer ligeiro e variado, deu lugar a patologias graves como a pedofilia, o incesto, o masoquismo, o sadismo, a necrofilia, a prostituição, a pederastia e a outros distúrbios psicológicos e psiquiátricos que envilecem o ser humano.

Vive-se, em consequência, o período do erotismo, no qual se busca, com tormentos, o desfrutar das sensações sem nenhuma vinculação com o amor, o recurso afetivo responsável pela permuta de hormônios físicos e emocionais entre os parceiros. Tem faltado consciência na prática do sexo, conforme programado para Vida. O sexo deixou o departamento genésico para subir à cabeça e tornar-se o condutor de incontáveis existências. Está na hora de voltarmos a praticá-lo saudavelmente.

Divaldo Franco

Artigo de Divaldo Franco publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 23-04-2015.
Divaldo Franco escreve quinta-feira, quinzenalmente.

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Revisão de texto: Lívia Mª Costa Sousa


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quarta-feira, 15 de abril de 2015

MALHAR O JUDAS - DIVALDO FRANCO







O comportamento humano, sem dúvida, é muito paradoxal. Dificilmente podemos aguardar equilíbrio neste oceano de níveis de consciência em que nos encontramos mergulhados. Durante muito tempo e ainda hoje, felizmente em menor intensidade, desforçávamos da atitude infeliz de Judas quando traiu Jesus, malhando-o de maneira cruel e animalizante, como ainda ocorre em momentos de linchamento de algum atormentado criminoso contra quem as massas se voltam...

Jesus, a quem dizíamos amar, não titubeou em perdoar a todos os algozes responsáveis pelo Seu exemplo de abnegação e de misericórdia, nos últimos momentos e mais dolorosos do Seu martírio. Nós, entretanto, os que dizíamos segui-Lo, atendendo a comportamentos doentios do passado, culpamos e não perdoamos ao povo no qual Ele nasceu e que seria responsável perpetualmente pelo que a alucinação de alguns psicopatas e aliciados pelo poder do Sinédrio impuseram a Pilatos que o condenou à morte.

Transformamos o substantivo judeu em exemplo de crueldade, como se não fôssemos de alguma forma, quase todos, igualmente asselvajados quando estão em jogo os interesses do ego. E Judas passou à posteridade como sendo o infame que, em toda Semana Santa, deveria ser malhado, arrebentado e destruído... Em momento de equilíbrio a Igreja Católica, oportunamente, “liberou” os judeus da culpa da crucificação e Judas da perseguição inclemente. Ainda ressumam em alguns países e cidades interioranas do Brasil o hediondo espetáculo que o tempo irá apagar da memória humana.

Todos necessitamos de perdão e de autoperdão. A contribuição valiosa das doutrinas psicológicas demonstra que perdoar é saudável, e feliz é sempre aquele que o exerce em relação ao próximo, assim como a si mesmo, brindando-se oportunidade de correção e reconciliação. Utilizemo-nos, religiosos ou não, dos dias evocativos da Páscoa judia para alguma reflexão em torno de Jesus e de Sua doutrina, perdoando e perdoando-nos.

Divaldo Franco

Artigo de Divaldo Franco publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 09-04-2015.
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Imagem criação: Eduardo Lopez

terça-feira, 14 de abril de 2015

Espiritismo – Estudo e ensino

A importância do estudo no processo de difusão do conhecimento espírita. Como se processa a consolidação do conhecimento espírita?



Na organização e desenvolvimento do estudo espírita, é fundamental que as atividades se estruturem em premissas claras e interdependentes, tais como:

·       Definição do objeto – É importante que seja definido o assunto principal que será tratado no estudo, sem o qual as demais etapas ficam prejudicadas. Parafraseando antigo provérbio chinês, “quando não sabemos o que estudar, qualquer estudo serve.”
·      Definição do objetivo – O que se pretende responder às questões levantadas pelo objeto de estudo. Objetivo é diferente de meta. A meta alcançada contribui para que o objetivo seja atingido.
·           Definição das fontes – Nessa etapa são listadas as fontes seguras que garantam que o objeto de estudo terá sua análise à luz da racionalidade, bem como contribui para que o objetivo seja atingido.
·           Definição do perfil de público – Nem todos os candidatos a estudante do Espiritismo estão em um mesmo nível – e nem poderia, pois todos nós estamos em diversos níveis de evolução e entendimento. Dessa forma, é fundamental que o planejamento do processo de difusão do conhecimento espírita leve em consideração as características do público, identificando carências e estabelecendo estratégias e metodologias na aplicabilidade do conteúdo que promova a integração de todos.
·    Definição dos indicadores de resultados – Definir resultados que contribuam para o entendimento de todos. Nada de engessar o processo de aprendizagem, nem tornar a doutrina espírita academicista, pois Espiritismo é a expressão da liberdade de sentir, pensar e agir.

Nesse sentido, a organização e operacionalização do estudo espírita se expressa em uma pirâmide:


Nos dois lados da pirâmide temos o amor e a disciplina, condicionantes para que a difusão do conhecimento espírita tenha equilíbrio. Na base desse processo, está a lógica da integralidade e conectividade, sendo a primeira a capacidade de utilizar-se de fontes legitimadas, coerentes e racionais; e a segunda, compreendendo que todo conhecimento que buscamos tem conexão e interface com diversos outros aspectos da filosofia, ciência e moral.


Doutrina em construção

É fundamental que o difusor do conhecimento espírita tenha a noção de que a doutrina espírita não possui verdades absolutas sobre esse ou aquele assunto, mas que lança seu olhar criterioso em qualquer tema, mergulhando em outras fontes, seja para buscar informações ou para contribuir com suas argumentações. Quem pretende encarcerar o Espiritismo no absolutismo comete velhos equívocos e reforça o extremismo religioso, causador de tantos conflitos e dissenções.
Nessa lógica integradora entre amor, disciplina, integralidade e conectividade, consolida-se o tríplice aspecto do Espiritismo.
Diante dessa visão – que é apenas uma visão, um ponto de vista deste articulista – o amor assume papel fundamental para reunir e integrar pessoas, pois é ele quem aconchega e congrega. Por outro lado, a disciplina exerce função essencial, já que constitui a base para que o caminho de qualquer estudante espírita seja seguro, firme, com propósito, com ideal, com lógica, com respeito aos princípios doutrinários. Nesse ponto de entendimento, a disciplina não se configura no cumprimento de normas, dogmas, rituais ou regras, única ou exclusivamente. Mas, acima de tudo, no domínio de si próprio.
No passado, a maioria dos espiritistas a compreendeu como controle do comportamento, especialmente dos outros.  Hoje, em tempos de transição e na busca pela alteridade, devemos entendê-la e praticá-la como o domínio de nós mesmos, já amplamente divulgado pela doutrina espírita por meio da reforma íntima. Não existe reforma de nossas atitudes pelo controle, mas pelo domínio. Porque se o primeiro é exógeno (de fora para dentro, invasivo, excludente e constrangedor), o segundo é endógeno (de dentro pra fora, inclusivo, conciliador e respeitador dos limites de cada um).
Na base está a integralidade e a conectividade, como sustentadoras de um ciclo virtuoso que começa no amor e nele termina, pois quem ama processa a disciplina das emoções, dominando a sua essencialidade.
A essência do conhecimento espírita, portanto, tem como funções: aconchegar, tendo o amor como princípio; consolar, abrindo as portas do coração para disciplinar os sentimentos; e esclarecer, difundindo informações e conteúdos, contribuindo para nossa liberação dos atavismos de antanho.
Portanto, quem deseja estudar o Espiritismo, que leve em consideração que não se aparta conhecimento do amor, nem da disciplina, e muito menos o isola em verdades ultrapassadas ou o encastela em fontes desatualizadas. Mas o potencializa, assegurando a integralidade das fontes e a conexão entre todos os elos da cadeia do saber espírita.
Assim, estudar a doutrina espírita sem as amarras do passado, sem as velhas regras do desditoso ontem, é acender uma luz na longa estrada rumo à libertação, onde todos iremos nos reencontrar com o mestre Jesus.

Mensagem do espírito Joseph, psicografada por Marcos Alencar (autor do livro Uma Chance para o Perdão, publicado pela Intelitera Editora).





Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 137. Para adquirir essa e outras edições, acesse o link:
http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_virtuemart&Itemid=115


terça-feira, 7 de abril de 2015

RESSIGNIFICANDO O FRACASSO - José Carlos De Lucca


“O fracasso deve ser nosso professor, não nosso coveiro. Fracasso é adiamento, não derrota.” Denis Waitley

A palavra “fracasso” adquiriu um aspecto emocional demasiadamente pesado em nossa vida. Nos dicionários, fracasso é, em geral, definido como “mau êxito”, “malogro”. Mas, em nossa vida emocional, fracasso parece ir muito além disso.
Para centenas de pessoas com as quais tenho tido contato em razão de meus livros e minhas palestras, observo que o fracasso se assemelha a uma “sentença de morte”. Quem experimenta o fracasso se considera morto ainda estando vivo. E o pior de tudo é que acaba providenciando o próprio enterro!

Precisamos reconsiderar essa sensação de “quase morte” que o fracasso produz em nós. Denis Waitley, respeitável escritor norte-americano, afirma que o fracasso não pode ser nosso coveiro, isto é, a experiência malsucedida não pode sepultar os nossos sonhos. Quem enterra seus sonhos morre junto com eles. Infelizmente, há muita gente viva enterrada pelo coveiro chamado “fracasso”.
Diz o Dr. Waitley que o fracasso deve ser o nosso professor. Ele nos mostra apenas onde erramos, não que jamais deveremos tentar outra vez. Talvez o fracasso nos diga assim: “Desse jeito não dá certo. Tente de outro modo. Aprimore-se, você vai acertar da próxima vez!”

Fracasso também não significa derrota final. Ele apenas sinaliza que, no momento, não deu certo, por não termos feito tudo o que era preciso fazer para alcançar o êxito esperado. A realização de nossos sonhos foi apenas adiada para o futuro, e não cancelada definitivamente. O verdadeiro fracasso que alguém pode experimentar é julgar-se fracassado para toda a vida. O malogro é uma experiência passada, não um decreto para o futuro.
Quem fracassou uma vez está muito mais preparado para a vitória do que aquele que nunca tentou. A vitória pertence não àqueles que nunca erraram, mas àqueles que nunca desistiram, apesar dos erros que, certamente, experimentaram. É um engano acreditar que pessoas de sucesso são aquelas que sempre acertam na primeira tentativa. As maiores personalidades do mundo no campo das artes e da cultura, do comércio e da indústria também experimentaram insucessos. A diferença é que elas não desistiram de seus sonhos e começaram de novo, com mais sabedoria e vontade redobrada.

O orgulho é o maior inimigo diante de nossas quedas. Ele nos dá a ilusão de que somos infalíveis e de que sempre agimos acertadamente. Quando constatamos, porém, que fracassamos porque somos imperfeitos, além da angustiante sensação de decepção que isso nos causa, o orgulho fará de tudo para que não tentemos outra vez, porque ele nos faz acreditar que, novamente, vamos nos dar mal. E assim é que milhares de pessoas estão vivendo: não são vítimas do fracasso, são vítimas do seu próprio orgulho! Se não mudarem, passarão o restante da vida lamentando a queda, sem se levantarem do chão da derrota, porque temem cair outra vez.
A humildade é a chave que nos leva à vitória nessas ocasiões. Admitir que somos seres em processo de evolução, que sabemos algumas coisas e desconhecemos outras tantas, de modo que o erro faz parte desse processo, é o caminho que fará do fracasso o tijolo do sucesso que a vida nos reserva. É preciso que não paremos de tentar, até acertar!

Vamos jogar o orgulho fora? Que tal irmos à luta, cantando com o Gonzaguinha esta gostosa e animada canção?

"Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
A troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada..."

(Trecho da canção “E vamos à Luta”, de Gonzaguinha.)





Excerto do livro “Socorro e Solução”, de José Carlos De Lucca.
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domingo, 5 de abril de 2015

A Páscoa segundo o Espiritismo


A palavra Páscoa tem  origem em dois vocábulos hebraicos: um, derivado do verbo pasah, quer dizer “passar por cima” (Êxodo, 23: 14-17), outro, traz raiz etimológica de pessach (ou pasha, do grego) indica apenas “passagem”. Trata-se de uma festa religiosa tradicionalmente celebrada por judeus e por católicos das igrejas romana e ortodoxa, cujo significado é distinto entre esses dois grupos religiosos.
No judaísmo, a Páscoa comemora dois gloriosos eventos históricos, ambos executados sob a firme liderança de Moisés: no primeiro, os judeus são libertados da escravidão egípcia,  assinalada a partir da travessia no Mar Vermelho (Êxodo, 12, 13 e 14). O segundo evento  caracteriza a vida em liberdade do povo judeu, a formação da nação judaica e  a sua  organização religiosa,  culminada com o recebimento do Decálogo ou Os Dez Mandamentos da Lei de Deus (Êxodo 20: 1 a 21). As festividades da  Páscoa judaica duram sete dias, sendo proibida a  ingestão de alimentos e bebidas fermentadas durante o período. Os pães asmos (hag hammassôt), fabricados sem fermento, e a carne de cordeiro são os alimentos básicos.
A Páscoa católica, festejada pelas igrejas romana e ortodoxa, refere-se à ressurreição de Jesus, após a sua morte na cruz (Mateus, 28: 1-20; Marcos, 16: 1-20; Lucas, 24: 1-53; João, 20: 1-31 e 21: 1-25). A data da comemoração da Páscoa cristã, instituída a partir do século II da Era atual, foi motivo de muitos debates no passado. Assim, no primeiro concílio eclesiástico católico, o Concílio Nicéia, realizado em 325 d.C, foi estabelecido que a Páscoa católica não poderia coincidir com a judaica. A partir daí,a Igreja de Roma segue o calendário Juliano (instituído por Júlio César), para evitar a coincidência da Páscoa com o Pessach. Entretanto, as igrejas da Ásia Menor, permaneceram seguindo o calendário gregoriano, de forma que a comemoração da Páscoa dos católicos ortodoxos  coincide, vez ou outra, com a judaica.[1]
Os cristãos adeptos da igreja reformada, em especial a luterana, não seguem os ritos dos católicos romanos e ortodoxos, pois não fazem vinculações da Páscoa com a ressurreição do Cristo. Adotam a orientação mais ampla de que há, com efeito, apenas uma ceia pascoal, uma reunião familiar, instituída pelo próprio Jesus (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; Lucas 22:7-13) no dia da Páscoa judaica.[2]Assim, entendem que não há porque celebrar a Páscoa no dia da ressurreição do Cristo.  Por outro, fundamentados em certas orientações do apóstolo Paulo (1 Coríntios,5:7), defendem a ideia de ser o Cristo, ele mesmo, a própria Páscoa, associando a este pensamento importante interpretação de outro ensinamento  de Paulo de Tarso (1Corintios, 5:8): o “cristão deve lançar fora o velho fermento, da maldade e da malícia, e colocar no lugar dele os asmos da sinceridade e da verdade.[3]
Algumas festividades politeístas relacionados à chegada da primavera e à fertilidade passaram à posteridade e foram incorporados à simbologia da Páscoa. Por exemplo, havia (e ainda há) entre países da Europa e Ásia Menor o hábito de pintar ovos cozidos com
cores diferentes e decorá-los com figuras abstratas, substituídos, hoje, por ovos de chocolate. A figura docoelho da páscoa, tão comum no Ocidente, tem origem no culto à deusa nórdica da fertilidade Gefjun, representada por uma lebre (não coelho). As sacerdotisas de Gefjun eram capazes de prever o futuro, observando as vísceras do animal sacrificado.[1]
É interessante observar que nos países de língua germânica, no passado, havia uma palavra que denotava a festa do equinócio do inverno. Subsequentemente, com a chegada do cristianismo, essa mesma palavra passou a ser empregada para denotar o aniversário da ressurreição de Cristo. Essa palavra, em inglês, “Easter”, parece ser reminiscência de “Astarte”,  a deusa-mãe da fertilidade, cujo culto era generalizado  por todo o mundo antigo oriental e ocidental, e que na Bíblia é chamada de Astarote. (…) Já no grego e nas línguas neolatinas, “Páscoa” é nome que se deriva do termo grego pascha.[2]
A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa, ainda que acate os preceitos do Evangelho de Jesus, o guia e modelo que Deus nos concedeu: “(…) Jesus representa o tipo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra.”[3] Contudo, é importante destacar: o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo  representado, ainda que apresente outras interpretações.  A liberdade conquistada pelo povo judeu, ou a de qualquer outro povo no Planeta, merece ser lembrada e celebrada. Os Dez Mandamentos, o clímax da missão de Moisés, é um código ”(…) de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. (…).”[4] A ressurreição do Cristo representa  a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do Espírito em outra dimensão da vida.
Os discípulos do Senhor conheciam a importância da certeza na sobrevivência para o triunfo da vida moral. Eles mesmos se viram radicalmente transformados, após a ressurreição do Amigo Celeste, ao reconhecerem que o amor e a justiça regem o ser além do túmulo. Por isso mesmo, atraiam companheiros novos, transmitindo-lhes a convicção de que o Mestre prosseguia vivo e operoso, para lá do sepulcro.[5]
Os espíritas, procuramos comemorar a Páscoa todos os dias da existência, a se traduzir no esforço perene de vivenciar a  mensagem de Jesus, estando cientes que, um dia, poderemos também testemunhar esta certeza do inesquecível apóstolo dos gentios: “Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo vive em mim.  Minha vida presente na carne, vivo-a no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2.20)[6]

Texto Federação Espírita Brasileira link: 
http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/os-simbolismos-da-pascoa-e-o-espiritismo/

[1] //pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa Acesso: 27/03/2013.
[2] J.D. Douglas. O Novo Dicionário da Bíblia. Pág. 1002.
[3] Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Q. 625, pág.
[4] Idem. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. I, it. 2, pág. 56.
[5] Francisco Cândido Xavier. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 176, pág. 365.
[6] Bíblia de Jerusalém. Pág. 2033.


Referências
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos tradutores. São Paulo: Paulus, 2002.
ELWELL, Walter A (editor). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Trad. Gordon Chow. 1ªed. 3ª reimp. Vol. III.  São Paulo: Edições Vida Nova, 2003.
DOUGLAS, J.D. (organizador). O Novo Dicionário da Bíblia. Tradução de  João Bentes. 3ª ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2006.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2ªed. 1ª reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.
_____. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ªed. 1ª reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2008.
XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 1ªed. 3ª reimp. Brasília: FEB Editora, 2012 (Coleção Fonte viva;2)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Parabéns, Chico!



2 de abril de 1910. Nasceu aquele que foi um grande divulgador de uma Doutrina consoladora que está mudando o mundo. Nasceu um expoente da caridade, da candura e do amor.
Veio ao mundo alguém que renegou as próprias dores para socorrer sofrimentos alheios. Alguém que se comparava a um “cisco”, mas que na verdade carregava em si a grandeza que é a conquista da humildade.
Negou títulos, negou honrarias, negou elogios, negou até a si mesmo e suas mazelas interiores. Disse sim ao puro amor divino e o distribuiu em sua memorável jornada pela Terra, durante todos os dias de sua existência.
Trabalhou incansavelmente e fez dos ensinamentos de Jesus, o amparo para suas aflições.
Não era anjo, não era Messias, não era infalível; era, sim, um espírito como nós, que renasceu em carne e osso, mas que soube fazer de cada dia, uma oportunidade de evolução.
Suas sementes de amor foram plantadas e florescem na eternidade.
2 de abril de 1910. Nasceu Francisco, o “cisco”, o “Cândido”. Nasceu Francisco Cândido Xavier!

Feliz teu dia, Chico! Nossa eterna gratidão.