A
importância do estudo no processo de difusão do conhecimento espírita. Como se
processa a consolidação do conhecimento espírita?
Na
organização e desenvolvimento do estudo espírita, é fundamental que as
atividades se estruturem em premissas claras e interdependentes, tais como:
· Definição
do objeto – É importante que seja definido o assunto
principal que será tratado no estudo, sem o qual as demais etapas ficam
prejudicadas. Parafraseando antigo provérbio chinês, “quando não sabemos o que
estudar, qualquer estudo serve.”
· Definição
do objetivo – O que se pretende responder às
questões levantadas pelo objeto de estudo. Objetivo é diferente de meta. A meta
alcançada contribui para que o objetivo seja atingido.
· Definição
das fontes – Nessa etapa são listadas as fontes seguras que
garantam que o objeto de estudo terá sua análise à luz da racionalidade, bem
como contribui para que o objetivo seja atingido.
· Definição
do perfil de público – Nem todos os candidatos a estudante
do Espiritismo estão em um mesmo nível – e nem poderia, pois todos nós estamos
em diversos níveis de evolução e entendimento. Dessa forma, é fundamental que o
planejamento do processo de difusão do conhecimento espírita leve em
consideração as características do público, identificando carências e
estabelecendo estratégias e metodologias na aplicabilidade do conteúdo que
promova a integração de todos.
· Definição
dos indicadores de resultados – Definir resultados
que contribuam para o entendimento de todos. Nada de engessar o processo de
aprendizagem, nem tornar a doutrina espírita academicista, pois Espiritismo é a
expressão da liberdade de sentir, pensar e agir.
Nesse sentido, a organização
e operacionalização do estudo espírita se expressa em uma pirâmide:
Nos
dois lados da pirâmide temos o amor e a disciplina, condicionantes para que a
difusão do conhecimento espírita tenha equilíbrio. Na base desse processo, está
a lógica da integralidade e conectividade, sendo a primeira a capacidade de
utilizar-se de fontes legitimadas, coerentes e racionais; e a segunda,
compreendendo que todo conhecimento que buscamos tem conexão e interface com
diversos outros aspectos da filosofia, ciência e moral.
Doutrina em construção
É
fundamental que o difusor do conhecimento espírita tenha a noção de que a doutrina
espírita não possui verdades absolutas sobre esse ou aquele assunto, mas que
lança seu olhar criterioso em qualquer tema, mergulhando em outras fontes, seja
para buscar informações ou para contribuir com suas argumentações. Quem
pretende encarcerar o Espiritismo no absolutismo comete velhos equívocos e
reforça o extremismo religioso, causador de tantos conflitos e dissenções.
Nessa
lógica integradora entre amor, disciplina, integralidade e conectividade,
consolida-se o tríplice aspecto do Espiritismo.
Diante
dessa visão – que é apenas uma visão, um ponto de vista deste articulista – o
amor assume papel fundamental para reunir e integrar pessoas, pois é ele quem
aconchega e congrega. Por outro lado, a disciplina exerce função essencial, já
que constitui a base para que o caminho de qualquer estudante espírita seja
seguro, firme, com propósito, com ideal, com lógica, com respeito aos
princípios doutrinários. Nesse ponto de entendimento, a disciplina não se
configura no cumprimento de normas, dogmas, rituais ou regras, única ou
exclusivamente. Mas, acima de tudo, no domínio de si próprio.
No
passado, a maioria dos espiritistas a compreendeu como controle do
comportamento, especialmente dos outros. Hoje, em tempos de transição e na busca pela alteridade,
devemos entendê-la e praticá-la como o domínio de nós mesmos, já amplamente
divulgado pela doutrina espírita por meio da reforma íntima. Não existe reforma
de nossas atitudes pelo controle, mas pelo domínio. Porque se o primeiro é
exógeno (de fora para dentro, invasivo, excludente e constrangedor), o segundo
é endógeno (de dentro pra fora, inclusivo, conciliador e respeitador dos
limites de cada um).
Na
base está a integralidade e a conectividade, como sustentadoras de um ciclo
virtuoso que começa no amor e nele termina, pois quem ama processa a disciplina
das emoções, dominando a sua essencialidade.
A
essência do conhecimento espírita, portanto, tem como funções: aconchegar,
tendo o amor como princípio; consolar, abrindo as portas do coração para disciplinar
os sentimentos; e esclarecer, difundindo informações e conteúdos, contribuindo
para nossa liberação dos atavismos de antanho.
Portanto,
quem deseja estudar o Espiritismo, que leve em consideração que não se aparta
conhecimento do amor, nem da disciplina, e muito menos o isola em verdades
ultrapassadas ou o encastela em fontes desatualizadas. Mas o potencializa,
assegurando a integralidade das fontes e a conexão entre todos os elos da
cadeia do saber espírita.
Assim,
estudar a doutrina espírita sem as amarras do passado, sem as velhas regras do
desditoso ontem, é acender uma luz na longa estrada rumo à libertação, onde
todos iremos nos reencontrar com o mestre Jesus.
Mensagem
do espírito Joseph, psicografada por Marcos Alencar (autor do livro Uma Chance para o Perdão, publicado pela
Intelitera Editora).
Artigo
publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 137. Para adquirir essa e
outras edições, acesse o link:
http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_virtuemart&Itemid=115
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