terça-feira, 30 de abril de 2019

O ESTUDO DO ESPIRITISMO NA ERA DIGITAL - O FUTURO JÁ COMEÇOU POR JAIME RIBEIRO



Com as transformações trazidas pela era digital de quem é o papel de escolher o que é relevante e sério para o estudo e divulgação do Espiritismo?

“Quando se vos diz que a Humanidade chegou a um período de transformação e que a Terra tem que se elevar na hierarquia dos mundos, nada de místico vejais nessas palavras; vede, ao contrário, a execução da uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais se quebra toda a má vontade humana.” 
ARAGO. A Gênese –Cap. XVIII - Sinais dos tempos


Atualmente, a descentralização dos focos de informação vem mudando a dinâmica do aprendizado e ainda vai continuar impactando significativamente o processo de divulgação de qualquer conteúdo produzido ao redor do mundo.
Como não poderia ser diferente, a mesma dinâmica se aplica aos nossos estudos doutrinários espíritas.
Desde o início da codificação espírita, em 18 de abril de 1857, nunca foi produzido tanto conteúdo doutrinário, como agora, inclusive em vários formatos diferentes.  Já contamos com várias iniciativas em plataformas como Youtube, facebook e Instagram, que divulgam e propagam a nossa doutrina.
Surpreendentemente, algumas redes sociais como o Instagram, apresentam atualmente perfis individuais como @cantinho_espírita, @aquelejovemespirita e @espiritismo24h, com  maior engajamento com o público do que perfis online de instituições tradicionais do movimento espírita, incluindo algumas federativas. Até mesmo alguns dos palestrantes mais queridos e requisitados pelos grandes eventos, não possuem tanta “relevância digital” como algumas pessoas que ainda não são conhecidas no movimento espírita e administram seu espaço digital de divulgação e propagação da terceira revelação.
A nova dinâmica trazida pela internet proporciona a oportunidade de revelar talentos que, muito provavelmente, não teriam a oportunidade de compartilhar seu trabalho em uma escala como a que a rede mundial oferece. Este fenômeno aconteceu primeiramente no mundo do entretenimento e recentemente chegou ao plano de propagação de ideias humanistas e espiritualidade.

A revolução digital vem afetando a forma como nos relacionamos, mas também vem empoderando indivíduos e descentralizando o poder de influência e formação de opinião que era quase sempre uma exclusividade de organizações estruturadas ou pequenos grupos de pessoas a serviço dessas instituições.


 É intrigante pensar que nos tempos atuais, um jovem estudioso do Espiritismo que mora em Luzilândia, no interior do Piauí, tendo na mão um smartphone conectado na internet, tem mais acesso a conteúdo doutrinário e estudos científicos em sintonia com a Doutrina Espírita, do que o presidente de uma federativa tinha no ano de 1990. O tempo que um grande estudioso do espiritismo levava para pesquisar, confrontar ideias e encontrar referências relevantes para uma palestra ou trabalho foi reduzido de anos para alguns dias ou até mesmo horas de dedicação. Isso é uma revolução no processo de criação do pensamento espírita.
No início do ano eu fiz uma visita a casa onde morou Chico Xavier, em Uberaba. Uma matéria da Revista do Espiritismo que estava colada na parede me chamou muito a atenção. Ela dizia que as religiões não poderiam mais prescindir do rádio e da televisão e que sem o concurso da moderna tecnologia o ideal da evangelização seria uma quimera.
Apenas para fazer uma comparação, o Youtube iniciou suas atividades em 2005 e o facebook em 2004, mais ou menos na mesma época da matéria, mas estavam longe de assumir o protagonismo que hoje ocupam no consumo de mídia. Apenas em 2007 o Iphone foi lançado. Todos nós sabemos o que aconteceu após a sua apresentação. O smartphone da empresa apple impactou o mundo de uma forma como poucas inovações tecnológicas fizeram.
Isso leva a crer que nossos irmãos que estavam discutindo a difusão da Doutrina e o papel do rádio e da TV ao processo de unificação, assim como todo mundo, não faziam ideia da revolução digital que estava prestes a acontecer em poucos anos.  
Há algumas décadas, estávamos discutindo a importância do papel do rádio e da TV para a divulgação doutrinária, imaginem se devemos rediscutir isso agora, já que podemos usar a rede para nos conectar com o mundo todo a baixo custo.
O nosso trabalho principal agora é nos capacitarmos para entender o que é relevante ou não para as pessoas.
A diferença em relação às décadas passadas é que essa função de decidir o que é importante e o que merece a nossa atenção já não é mais tarefa de qualquer instituição. Em um mundo com abundância de informação e conteúdo quem desejar decidir o que deve e o que não deve ser lido, ouvido ou discutido, não poderá mais alcançar esse objetivo.
A era digital inaugurou o tempo do protagonismo individual. Pessoas e instituições são capazes de produzir e propagar conteúdo na mesma proporção. Quem vai decidir o que é bom e importante é o público alvo. No nosso caso, o espírita que está conectado nas plataformas digitais e consome palestras, textos e podcasts.
Bom saber que hoje, com o concurso da tecnologia digital, todos estão a apenas poucos cliques de juntar as últimas conquistas da ciência, as grandes análises filosóficas e o conteúdo da Doutrina Espírita.
A codificação e as demais obras de Kardec, por exemplo, já estão disponíveis na palma das nossas mãos após o lançamento do APP da Kardecpedia, no final de 2018. Todos os volumes produzidos pelo codificador cabem agora no nosso bolso e estão conosco em toda parte.
O grande legado da evolução tecnológica atual é empoderar o indivíduo.
Atualmente, cada um de nós possui mais poder para fazer nossa parte na transformação do mundo, do que as gerações passadas. A era digital nos deu acesso a um potencial de realização e criatividade que facilita a nossa tarefa como espíritos encarnados em uma era de transição planetária. Por isso relembro sempre que temos um papel importante nesse processo de transição planetária. Nunca houve uma geração com tanta capacidade de levar espiritualidade para tantos corações em uma velocidade que acompanha a urgência do momento.
A pergunta que nos vem à mente agora é: “como vamos lidar com essas mudanças e com todas essas informações?” Como disse François Arago, “as leis fatais do universo quebram toda a má vontade humana”. O que nos indica que não importa o que achemos do progresso humano, ele é uma lei natural de Deus e vai seguir seu curso mesmo diante de nossos protestos e incompreensão.
Precisamos aproveitar todas as possibilidades da tecnologia a nosso favor. Não há mais espaço para advertências como “aquele perfil do Instagram não deve ser seguido porque não está de acordo com os princípios doutrinários”, ou  “aquele blog não tem a homologação ou selo de uma instituição doutrinária reguladora”.
Espero que eu não seja a primeira pessoa que vai contar isso para o Movimento Espírita, mas o tempo de seleção particular, de exclusividade de curadoria e “validação de autenticidade” para os conteúdos doutrinários, acabou.
O poder de dizer para as pessoas o que elas fazem ou deixam de fazer está passando por transformações em todas as instituições humanas. Até mesmo porque o papel do que chamamos de poder não é apenas apontar o que deve ou não ser feito por todo mundo. Existe também uma função social que organiza comunidades e unifica as pessoas em torno de um propósito comum.
As instituições que faziam o trabalho de dizer se uma obra, um palestrante ou até mesmo uma editora são confiáveis, precisam olhar para dentro e compreender melhor seu novo papel na propagação e divulgação do Espiritismo.
Em um mundo no qual a censura à produção de conteúdo tornou-se impossível, a validação e avaliação de milhares de publicações disponibilizadas diariamente já não faz sentido. Faz-se necessário que as casas facilitadoras do movimento consigam ressignificar a importância de algumas tarefas prioritárias. A mais importante delas é gerar mais conteúdo para de alguma forma se posicionar contra os devaneios e a ignorância doutrinária.
Dizer se um livro deve ou não ser lido e vendido nas casas espíritas ou se um palestrante deve ou não falar em algumas instituições, tornou-se tarefa impossível. Para cada livro proibido surgem dezenas de conteúdos sobre os mesmos na internet e para cada palestrante classificado como indevido por uma instituição, existem milhões de likes que o recomendam e  o endossam para o mundo.

Hoje em dia, ao invés de nos preocuparmos em fazer o controle de todo conteúdo doutrinário produzido no mundo, precisamos nos ocupar em ensinar os indivíduos a fazer análises críticas do que está sendo produzido e estudado. Obviamente, utilizando como base a codificação e as principais obras espíritas complementares. Esse é o nosso papel.


Nessa nova configuração de relevância e conexão com o público, em especial com as novas gerações, tornou-se mais importante que uma instituição representativa e séria se ocupe em gerar o máximo de conteúdo relevante do que insistir em classificar e validar o que é “puro” e fundamentado do ponto de vista doutrinário.
Disponibilizar todo conteúdo já produzido pela Doutrina Espirita em novos formatos e liderar novas produções de colaboradores independentes é uma tarefa prioritária para as grandes instituições que precisam cuidar para não se tornarem irrelevantes em alguns anos.  
Sabemos que a humanidade nunca foi muito precisa em prever o que aconteceria no futuro. Ao longo da história, sempre falhamos quando tentamos construir essas narrativas. O que leva a crer que essa tarefa é ainda mais desafiadora atualmente, devido à velocidade da transformação digital. De toda forma, imaginar um futuro para a maneira como vamos estudar o Espiritismo em alguns anos, é uma tarefa tentadora, e de certa forma necessária, para um tempo de tantas transformações no mundo.
A abundância de novas informações e a dependência do mundo digital, já é um fato. Nunca tivemos tantos livros, vídeos, podcasts e blogs disponíveis como hoje.
Com tanto conteúdo acessível e uma completa descentralização de influência e análise doutrinária proporcionada pelas novas tecnologias, continuar querendo apontar o que é relevante parece ser uma missão impossível para as lideranças do movimento espírita atual. Por isso, conscientizar os espíritas, em especial os mais jovens, da necessidade da consulta sistemática e recorrente às bases da Doutrina Espírita, é uma tarefa urgente.

No mundo do excesso de informação, a formação é mais poderosa do que a censura.

Por isso, defendo que o caminho é gerar conteúdo bom e relevante para pessoas que tenham a capacidade de analisar qualquer coisa de forma crítica.  Afinal, ensinar a pensar por conta própria é mais poderoso do que vendar os olhos ou tentar diminuir ou ser intolerante com o que é diferente do que acreditamos. Nossos antepassados não foram muito felizes quando seguiram esse caminho no processo de defesa da propagação da primeira e da segunda revelação da lei de Deus.
Muito provavelmente, em um futuro próximo, não estudaremos tão frequentemente a Doutrina por meio de estudos sistematizados com leitura de livros de forma continuada, como é feito por muitas instituições. Acreditamos que é necessário o desenvolvimento de um currículo que abordará todos os pilares do Espiritismo e exigirá uma complementação sociointeracionista.
Certamente, a preparação dos planos de estudo utilizarão artigos científicos, estudos sociológicos e notícias do cotidiano, que serão analisadas junto com as consultas doutrinárias feitas em uma aplicação dotada de inteligência artificial*, instalada em nosso celular.
 Sim, usaremos celulares nas reuniões espíritas e eles não vão atrapalhar a nossa harmonia, porque operam em uma frequência completamente distinta da “banda espiritual”. Não se preocupem.
Aliás, não há mais espaço para avisos que circulam em algumas instituições: “o uso do celular é proibido dentro do centro”. Não estamos falando do futuro. Estamos falando dos tempos atuais. Devemos conviver com a tecnologia e usá-la com bom senso em todas as ocasiões. Isso inclui as casas espíritas e a mesa familiar.

A tecnologia é amiga do homem, mas nem sempre o homem é amigo da tecnologia.

A Inteligência Artificial selecionará os conteúdos mais relevantes produzidos no movimento espírita sobre o tema desejado e indicará outros estudos disponíveis produzidos ao longo da história da humanidade, em todos os campos do conhecimento humano. Exatamente como Kardec fez. Ele teve muito trabalho para fazer essa tarefa. Hoje em dia é bem fácil para nós.
A única coisa que nos impede de seguir o pensamento crítico do codificador é se nos tornarmos obsoletos em nosso próprio tempo, algo que ele jamais se permitiria. Kardec era um homem a frente do seu tempo, analisava os ensinamentos tradicionais, mas olhava para os próximos séculos. Diferente de nós, que de certa forma já vivemos no futuro e algumas vezes nos aprisionamos as formas do passado.
Não estamos falando aqui em coisas que serão possíveis apenas em um futuro distante. Toda essa tecnologia já está disponível para outras frentes de estudos e pesquisa.
Atualmente, temos o Aplicativo Kardecpedia  já aponta o início dessa  inovação na metodologia de estudo e acesso à Doutrina Espírita.
O mais fascinante de todas essas reflexões e hipóteses é saber que, apesar de estarmos caminhando para um futuro que se mostra mais imprevisível do que nunca e de estarmos lidando com tanta disrupção comportamental e tecnológica, já temos algumas certezas. A mais importante delas é que nesse futuro imaginado em nossas previsões, o retorno à sabedoria de Allan Kardec é mandatório para compreender o futuro do estudo do Espiritismo. O codificador nos ensinou a submeter tudo à base da universalidade dos ensinamentos dos espíritos e ao crivo da ciência. Continuaremos fazendo isso e nos apoiando em todos os ensinamentos de sua obra e do seu pensamento crítico.
A integração das obras básicas e sérias da Doutrina Espírita com o conhecimento científico atual e os caminhos de transformação do planeta precisam ser feitas imediatamente. Não é possível estudar e viver as leis naturais olhando apenas para o passado e vivendo como se estivesse no passado. As nossas referências são nossa base, mas a lei de amor está diluída de forma atemporal e a humanidade não precisa se aprisionar para poder seguir em segurança. O “bom senso encarnado” tem muito a nos ensinar sobre isso.
Kardec viveu como um homem que estava além do seu tempo e usava todas as tecnologias e informações disponíveis em sua época para construir e propagar a codificação. Isso me enche de certeza e esperança sobre o futuro da Doutrina Espírita no mundo.
Se Kardec iniciasse hoje a sua obra contaria com um canal no Youtube, dominaria todas as ferramentas de divulgação digital, usaria as redes sociais com sabedoria e certamente publicaria a codificação em formato digital, antes mesmo de disponibilizá-la em papel. Tenho certeza que ele faria palestras e pesquisas “antenadas” com as tendências do mundo, focadas na compreensão do mundo do agora e na relação do conhecimento atual com os ensinamentos dos espíritos. Arrisco a dizer que ele iria além: submeteria aos espíritos todos os conceitos de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade da atualidade.
Se o codificador estivesse encarnado, não pediria para ninguém desligar o celular ao longo de um estudo doutrinário. Ele recomendaria essa ferramenta para que todos pudessem ir mais longe a suas pesquisas e contribuições. Tudo com bom senso, claro. Como ele sempre fez.
Como eu consigo fazer essa cogitação? A resposta é muito simples. Basta estudar a codificação e as edições da Revista Espírita para saber que ele era completamente envolvido com todas as novidades científicas da época. Por que seria diferente hoje?
O que nos faz crer que devemos continuar estudando, divulgando e publicando o Espiritismo como se vivêssemos no século passado?
Para fazer a Doutrina Espírita alcançar o seu papel na transformação do nosso mundo, se faz necessário que nos libertemos da ficção de pensar nela de forma estática.
Apesar de sermos adeptos de uma Doutrina do século XIX, estudada em instituições que se formaram no século XX, somos pessoas que vivem e estudam no século XXI.  Não podemos ignorar isso sob a pena de sacrificarmos a nossa tarefa de edificadores da regeneração.
Obviamente isso cria um novo desafio no formato pedagógico e na dinâmica de convivência no movimento espírita. Mas temos que enfrentar os nossos desafios sem medo.
O codificador nos alertou que a Doutrina sempre acompanharia a ciência. Por isso, precisamos refletir sobre a manutenção de algumas práticas de estudo e divulgação que mantemos desde o século passado.
A pedagogia atual está fazendo um esforço enorme para se adequar à essa nova realidade. Precisamos segui-la imediatamente. A educação é a força mais poderosa para a transformação do mundo. Certamente estamos todos de acordo que vivemos em uma grande escola na qual o Espiritismo tem a missão de educar almas na função do cristianismo redivivo.
O mundo da educação tem debatido exaustivamente para encontrar o modelo de escola e consumo de conteúdo para o nosso tempo. Por toda parte surgem novas Startups, que são empresas inovadoras e disruptivas*, com a missão de encontrar o formato ideal de educação do século XXI e romper com o modelo tradicional que parece não atender mais as necessidades das novas gerações.
Por que também não montamos startups vinculadas às federativas para estudar e apontar novas práticas de estudos alinhadas com o que os estudiosos chamam de habilidades do século XXI? Seria uma iniciativa importante para o futuro da humanidade. Esses núcleos poderiam ter a função de atualizar e testar modelos e práticas para nós.
Que tal incluir a tecnologia no processo de aperfeiçoamento dos nossos atendimentos fraternos? Podemos utilizar de dados e informações para orientar um acompanhamento mais assertivo.
Os espíritos amigos continuarão nos intuindo e influenciando, mas eu tenho certeza que vão ficar muito felizes em constatar que já temos dados e análises suficientes para auxiliá-los nessa tarefa. Eu já tenho um estudo sobre isso que apresentarei aqui no blog da editora Intelítera em breve.
De toda forma, não importa o que acontecerá no mundo nos próximos tempos. A Doutrina Espírita e sua base inabalável, ditada pelos espíritos superiores que enxergavam muito além do nosso tempo, permanecerão iluminando todos os campos do conhecimento humano. Quem leu a codificação antes dos anos 90 e releu recentemente, sabe exatamente sobre o que estou falando. A cada tempo que passa, entendemos com mais clareza as mensagens deixadas pelos espíritos para nos explicar as leis universais e suas aplicações atemporais. Também somos surpreendidos em constatar como a nossa compreensão ainda é limitada devido ao nosso acesso científico restrito.
A Codificação Espírita é o “spoiler” de todo conhecimento humano dos próximos séculos. Sem sombra de dúvidas.
A aliança da ciência e da religião já está se dando no campo dos estudos psicológicos modernos e em breve se dará em outros campos do conhecimento humano.
Sinto uma profunda alegria em olhar para frente e ter certeza que Allan Kardec foi atual ontem, ainda o é hoje e continuará sendo amanhã. Sua obra será sempre a nossa base e fortaleza para construção da Nova Era da humanidade.
Façamos como o nosso codificador, usemos a tecnologia de nosso tempo para estudar, compreender e divulgar a nossa Doutrina maravilhosa.

Jaime Ribeiro







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sexta-feira, 26 de abril de 2019

Jesus está nos chamando | Bezerra de Menezes por José Carlos De Lucca



Não fechemos os olhos para a dor que campeia além do conforto do nosso lar. Enquanto nossos filhos desfrutam de alimentação farta e equilibrada de nutrientes necessários ao seu desenvolvimento sadio, muitas outras crianças sem teto e sem família buscam saciar a fome revirando as latas do lixo. 

Enquanto nos defendemos do frio utilizando roupas acolchoadas e cobertores que nos protegem das baixas temperaturas, muitos irmãos que vivem nas ruas em condições precárias tentam se esconder do frio em tetos improvisados e vestindo farrapos encontrados no lixo. 

Enquanto dispomos de assistência médica e medicação variada para as enfermidades que nos agridem, milhares de pessoas não dispõem sequer de um simples analgésico que lhes alivie uma dor qualquer.

Filhos, o sofrimento que grita lá fora é um veemente chamado de Jesus para que o nosso coração se expanda em amor além dos estreitos limites da nossa família biológica, porquanto, em última razão, pertencemos todos à grande família de Deus, e por isso mesmo devemos nos amar uns aos outros como Jesus nos ama.

Ninguém poderá dizer que nada tem a ver com o sofrimento dos outros. Ora, filhos, isso é muito fácil de dizer quando o sofrimento não é nosso. Pensemos quando for a nossa hora de padecimentos, e vejamos como gostaríamos de ser amparados por mãos amigas e benfeitoras. Façamos ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem, esse é o mandamento divino que, uma vez seguido, equacionará todos os nossos problemas.


Capítulo do livro "Recados do meu Coração".

Recados do meu Coração por José Carlos De Lucca

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quarta-feira, 24 de abril de 2019

TENTAÇÃO DO REPOUSO | DIVALDO FRANCO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS


Faz do trabalho o esquema do repouso.
Sem este, a produtividade daquele padece lamentáveis consequências...
O trabalho é a mola do progresso que fomenta a evolução.
O repouso refaz as forças, dá claridade à inteligência, vitaliza o corpo.
Convém, no entanto, uma avaliação das horas aplicadas no trabalho e daquelas gastas no repouso.
O espairecimento, o sono, o esporte funcionam como repouso. Mas o trabalho, também.
Quando se abraça um ideal de engrandecimento, a própria emulação da atividade gera forças que se renovam sem a necessidade da paralisação do trabalho.
A diversificação de tarefas constitui uma forma elevada de repouso.

A pretexto de repousar, não apliques o tempo na ociosidade dourada, nem no sono da indolência. 
Não te confiras menos resistências do que aquelas que realmente possui.
O homem é o que elabora intimamente.
As largas horas de sono entorpecem a mente, amolentam os músculos, concitam à indolência.
Há serviços que te aguardam, que fazem parte do processo da tua e da evolução de todos.
Não te suponhas melhor nem pior do que teu próximo.
A aparência engana, e a presunção coloca lentes que deformam a visão da realidade.
Esforça-te, cada dia, para produzir mais, e lograrás melhores conquistas na área das próprias possibilidades. Pensa nos paralíticos, nos limitados, nos enfermos de longo curso, nos de membros atrofiados. Ignoras o quanto dariam para estar nas tuas condições e oferecer-se para agir, realizar, produzir.
Cuida-te da atenção do repouso, renovando teus recursos íntimos na oração, que se sintonizará com o Bem, e na operosidade fraternal, que te concederá dinamismo para afrontar deficiências e circunstâncias diversas com êxito.

O cidadão nobre e o cristão decidido, mesmo durante o repouso físico pelo sono, não se quedam na inutilidade, oferecendo-se para o serviço edificante e a aprendizagem moral nas Esferas Espirituais, donde todos procedemos e para onde marchamos.
Os indolentes e preguiçosos amolentam-se, em Espírito, intoxicados pelos vapores do sono excessivo, ou se deslocam para regiões infelizes onde compartem situações perniciosas com os escravos da perversão e da ociosidade.
Repousa, quando necessário, todavia, não cesses de trabalhar algum dia da tua vida. 

(...) Trecho do livro ALERTA de Divaldo Franco pelo espírito Joanna De Ângelis


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terça-feira, 16 de abril de 2019

QUEM FOI VOCÊ EM EXISTÊNCIAS PASSADAS? | CHICO XAVIER POR ANTONIO DEMARCHI




Muitas pessoas manifestam aguçada curiosidade em saber quem foram em existências passadas. Se fôssemos mais atentos, teríamos consciência de que seria melhor não questionar, nem saber. Basta fazer uma breve análise de nós mesmos, o que somos agora. Com certeza, no passado fomos um pouquinho mais imperfeitos. Além do mais, os bons espíritos nos alertam que o esquecimento temporário do espírito durante a reencarnação é providencial, porque muitos de nós não suportaríamos e certamente sucumbiríamos diante de revelações dos erros clamorosos que cometemos.

Por essa razão, o esquecimento é uma providência da misericórdia divina. (...) 
* * *
Sempre que era questionado nesse quesito, Chico procurava se esgueirar com simplicidade e bom humor. Tinha sempre uma saída, na qual manifestava sua simplicidade e sua humildade, quando alguém lhe perguntava quem havia sido em existências passadas:
— Ah, minha filha, quem sou eu! — dizia com sua singeleza tão peculiar — Vocês é que são bondosas. Eu por mim, nada sou. Do Francisco, sou apenas o Cisco.
Numa ocasião, um grupo de senhoras de São Paulo, em visita ao médium em Pedro Leopoldo, adentrou essa perigosa seara. Uma delas se vangloriou, dizendo:
— Chico, eu tive uma revelação que, em um passado mais remoto, fui uma mártir do Cristianismo.
Outra não deixou por menos:
— Ah, Chico, eu também tive uma grandiosa revelação: na época de Cristo, fiquei sabendo que eu era uma cristã que orava nas catacumbas romanas, fui presa e morri nos espetáculos do circo romano, devorada por um leão!
O médium sempre ficava em silêncio com um sorriso nos lábios, possivelmente analisando as pessoas. Eram sempre personalidades importantes do passado, ninguém se apresentava dizendo: fui um carpinteiro, um lavrador, um humilde servidor. Eram sempre cabeças coroadas pela vaidade!
Diante do silêncio do médium, uma delas questionou:
— E, você, Chico, quem foi?
Então, com um sorriso, Chico respondeu:
— Ah, minha irmã, eu não fui ninguém. Acho que fui a pulga do leão que a devorou!
Ah, Chico, que saudades de você! Em sua simplicidade, em sua humildade, tinha paciência para ouvir corações aflitos, corações destroçados pela dor, almas desesperadas, criaturas sem esperança e tantos outros, sem questionar, sem se aborrecer, oferecendo a cada um palavras de amor, de conforto, de amizade, e de compreensão.
Estar ao lado do Chico era uma oportunidade rara. Quem teve essa oportunidade e soube apreciar, sabe do que estou falando.
Pena que muitas pessoas não compreenderam isso!


Nas Bençãos de Chico Xavier por Antonio Demarchi

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terça-feira, 9 de abril de 2019

A FORÇA DO AMOR | ARTIGO POR DIVALDO FRANCO


Quanto mais o tempo se sucede no passar das horas, mais o amor se torna evidente como sendo a alma da vida, em razão da ordem que se observa no Universo e nas Leis que o mantém.

Não raro, defrontamos o caos em determinadas circunstâncias e ocorrências, mas mesmo aí, com acurada observação, constatamos uma ordem que responde pelo fenômeno e procedente desse equilíbrio que Aristóteles denominava como sendo harmonia.

As diferentes filosofias existenciais não têm conseguido manter a ordem espontaneamente e, não poucas vezes, regimes totalitários as aplicam utilizando as armas de destruição.

O amor, desde quando enunciado por Jesus, abriu espaço nas mentes e nos corações para os espetáculos de beleza, de progresso, através da Ciência e da Tecnologia de ponta. Na raiz de uma ou de outra conquista do pensamento, encontramos os notáveis missionários que se consagraram a criá-las, colocando-as a serviço do ser humano, a fim de o arrancar da ignorância, da superstição e penetrar nos então insondáveis mistérios existentes.

Quase todos aqueles que se dedicaram ao trabalho de construir instrumentos de riqueza para o ser humano renunciaram aos prazeres, às comodidades, às conveniências pessoais, e não foram poucos aqueles que se fizeram abençoados pelo êxito depois da morte em situações difíceis de ser suportadas.

Enfrentando a barreira da ignorância e da ferocidade, esses heróis modificaram a face do planeta, ofereceram verdadeiros milagres de conforto, de solução dos desafios da Natureza, de possibilidades de intercâmbio fraternal, de compreensão dos acontecimentos e de solidariedade humana.

Quantos foram vítimas das próprias descobertas, até o momento em que encontraram os mecanismos capazes de frear os perigos e facilitar a sua execução.

Causou espanto mundial a carta que Albert Einstein fez à sua filha Lieserl, e que foi publicada algo recentemente.

Permito-me a licença de transcrever alguns parágrafos desse extraordinário documento:
“Quando propus a teoria da relatividade, poucos me entenderam, e o que vou agora revelar a você, para que transmita à humanidade, também chocará o mundo com sua incompreensão e preconceitos... 

... Há uma força extremamente poderosa para a qual a ciência até agora não encontrou uma explicação formal. É uma força que inclui e governa todas as outras, existindo por trás de qualquer fenômeno que opere no universo e que ainda não foi identificada por nós.

Esta força universal é o AMOR.

Quando os cientistas estavam procurando uma teoria unificada do Universo, esqueceram a mais invisível e poderosa de todas as forças.
...O Amor é Deus e Deus é o Amor.”

Artigo publicado no Jornal A Tarde, na coluna Opinião, 04 de abril de 2019


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terça-feira, 2 de abril de 2019

O HOMEM EMPATIA | ESPÍRITO DO PROFESSOR HERCULANO POR JAIME RIBEIRO




“Que mundo é este em que é preciso ser louco para fazer o que é certo?”
 Aristides de Sousa Mendes

Em maio de 1940, o mundo assistia impressionado a blitzkrieg nazista invadir a França, levando preocupação sobre o futuro das nações européias poderosas.
Portugal foi um país que se declarou neutro, desde o início da Segunda Grande Guerra. Contudo, muitos historiadores afirmam que seu ditador fascista, Antonio de Oliveira Salazar, era simpático à Hitler e aos ideais nazistas. Tanto que em novembro de 1939 ele publicou a famosa circular 14, documento que proibia a emissão de vistos a judeus, russos e apátridas, impedindo-os de entrar naquele país.

O mundo todo já ouvia rumores do que estava ocorrendo com os judeus em países ocupados pelos alemães nazistas. Por isso, após a invasão alemã da França, dezenas de milhares de pessoas marcharam para o sul daquele país, dirigindo-se especialmente a Bordeaux, deslocando-se de trem, carro, bicicleta e até mesmo a pé, muitos deles empurrando carrinhos de bebês e carros de mão.

Naquela cidade, residia o Consul Português Aristides de Sousa Mendes.

Notando que multidões se aglutinavam na frente do consulado que ele dirigia, telegrafou a Lisboa para receber instruções sobre o que fazer naquela situação particular. A resposta foi categórica: “ que se cumpra a Circular 14”.

Alguns dias depois, Paris foi ocupada. Aristides sentia-se cada vez mais torturado pelo cenário de desespero daquelas almas humanas que assistia todos os dias. Dirigiu-se para a praça onde ficava a grande sinagoga de Bordeaux, que estava lotada de milhares de judeus, com o intuito de conversar com as pessoas e entender o nível de angústia delas. Na frente da sinagoga, ele conheceu Chaim Kruger, um jovem rabino polonês que estava acompanhado com a sua família no meio da multidão. 

Reconhecendo em Kruger um homem distinto, ofereceu-se para ajudá-lo. Contudo, seu pedido de vistos para o rabino e sua família foi rejeitado por Lisboa. Inconformado, Aristides prometeu ao novo amigo que faria tudo que estivesse ao seu alcance para conseguir os seus documentos.
Apesar de ter ficado muito feliz com o gesto do cônsul, o rabino protestou. Alegou que não era apenas ele que precisava de ajuda, mas todos que estavam ali correndo risco de perder a vida.

Aristides voltou para casa pensativo. Passou três dias trancado no quarto, reflexivo e sem saber como ajudar. Estava diante de um dilema ético profundo. Obedecer ao seu país ou salvar a vida de milhares de pessoas iguais a ele, que corriam o risco de morrer pelas mãos inescrupulosas do nazismo. Após aquele período de orações e reflexões, surgiu com uma decisão segura e enérgica: "de agora em diante, darei visto a todos eles", declarou no consulado. "Não haverá mais distinção de nacionalidade, raça ou religião". "Não posso permitir que todas essas pessoas morram".

Imediatamente, começou a assinar todos os vistos que eram colocados na sua frente, estabelecendo uma verdadeira linha de montagem de emissão daqueles documentos. Juntaram-se a ele dois de seus filhos, o próprio rabino Kruger e mais alguns diplomatas que foram convencidos por ele de que aquilo era o certo a ser feito e de que ninguém deveria testemunhar e sentir a dor do outro e continuar omisso.

O cônsul desobediente, assinou freneticamente os novos vistos. Trabalhou dia e noite, por três dias seguidos, sem sequer parar para dormir ou fazer uma refeição, com o objetivo de salvar a maior quantidade possível de pessoas, antes que a fronteira fosse fechada.

No final de junho de 1940, Salazar ficou sabendo do que estava acontecendo no Sul da França e mandou chamar Aristides de volta a Lisboa. Ele não atendeu a ordem prontamente. Só obedeceu ao chamado e desistiu de sua luta depois que a capital de seu país instruiu a polícia da fronteira espanhola a recusar os titulares dos vistos assinados por ele.

Mesmo assim, sabendo que ainda poderia fazer um pouco mais, a caminho para a fronteira, conseguiu conduzir uma caravana de refugiados por um cruzamento pouco conhecido, que costumava usar para evitar o trânsito de volta a Lisboa.
Quando chegou à capital, Aristides foi retirado da sua posição consular e teve sua aposentadoria declarada sem direito a qualquer pensão. Aos 55 anos de idade e após 30 anos de serviços em vários países, era o fim de carreira diplomática.

Mas não foi só esse o preço pago pelos seus atos heroicos. Sua família perdeu a própria casa, a chamada Casa de Passal. Em seguida, seus filhos foram proibidos de ingressar na universidade e os Sousa Mendes passaram a morar e se alimentar de favores feitos pela Comunidade Judaica de Lisboa. Os amigos judeus ainda ajudaram 11 dos seus 15 filhos a migrar para o Canadá e os Estados Unidos, para terem direito a uma vida digna longe de seus perseguidores.

Aristides de Sousa Mendes desencarnou como um miserável desconhecido no dia 03 de abril de 1954. Entretanto, entidades espirituais amigas nos informaram que ele foi recebido no mundo maior por benfeitores que trabalham diretamente com Maria de Nazaré. Prepararam para ele algo semelhante ao que se chama aqui na terra de honrarias de chefe de estado.

Em sua honrosa recepção, foi acolhido e aplaudido por centenas de criaturas, muitas delas parentes daqueles que foram salvos por sua empatia e fizeram questão de ir pessoalmente agradecer pela sua bondade.
Embora o número dos que foram salvos por ele durante o período de três dias não possa ser documentado, os historiadores estimam o número de 30.000 pessoas, dos quais pelo menos 10.000 eram judeus.

Quando perguntei ao espírito amigo que inspirou esse texto, se o número era semelhante ao que apontavam os historiadores, ele me informou que o próprio Aristides ficou sabendo depois, já no plano espiritual, que alguns outros colegas se inspiraram em sua coragem e emitiram outros tantos milhares de permissões. Muitas delas sem qualquer apresentação de passaportes, sendo firmadas em papéis avulsos, e salvaram mais 10.000 vidas que atravessaram por fronteiras desavisadas da Espanha.

Certamente, esse foi o maior ato de resgate de vítimas, que foi feito por um único ser humano ao longo do período de terror do holocausto.
Aqui na terra, apenas em 1966 veio o primeiro reconhecimento merecido para esse herói, quando Israel declarou Aristides “Justo entre as Nações”.
Vinte anos depois, o Congresso dos Estados Unidos emitiu uma proclamação em honra ao seu ato heroico.

Em sua terra natal o reconhecimento oficial só ocorreu tardiamente, em 1988, pelas mãos do presidente Mário Soares.
Alguns anos atrás a Casa do Passal foi declarada Monumento Nacional e o rosto de Aristides também passou a aparecer impresso em selos de vários países.
Na espiritualidade, há notícias de que ele trabalha no apoio aos refugiados e às vítimas de guerra, junto à falange de Maria de Nazaré. Continuou sendo o homem Empatia.

Jaime Ribeiro
Inspirado pelo espírito Professor Herculano.






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